Mãe

Mãe: "sf (lat matre1 Mulher, ou fêmea de animal que teve um ou mais filhos. Dir Ascendente feminino em primeiro grau. 3 Causa ou origem de alguma coisa. Lugar onde uma coisa teve origem. 5 Mulher generosa, que dispensa cuidados maternais. 6 Pessoa que protege muito a outra"*.

Segundo a definição impessoal do dicionário mãe é quem pariu ou cuida de um ou mais filhos... Mas, quanta impessoalidade!! Verdade que quem escreveu esse dicionário deve ter sido um homem, provavelmente, no seu alto intelecto teve que fazê-lo com a sua imparcialidade, ainda que seja um pai. Enfim, hoje depois de quase 2 meses sendo e aprendendo a ser mãe, me atrevo mais uma vez a escrever sobre esse estado de espírito que mudou a minha vida e com certeza a maioria das mães se verão no texto. E escrevo também para as que serão mães, que possam um dia se reconhecer (pra você minha irmã!).

Com a minha filha sob meus olhos, em seu soninho da manhã, depois das nossas historinhas no seu canto da sabedoria e da bagunça, coloquei me a pensar e decidi escrever sobre o significado da palavra mãe. De certo, que proponho de maneira lúdica, porém verdadeira, uma mudança no Dicionário. 

Mãe: verbo (lat matre) - conceder, mulher que cede seus impulsos e seus desejos à sua criatura, mulher que tem um ou vários corações que pulsam fora do seu corpo, mulher que se transforma a partir do momento em que se descobre gestando uma vida em si, mulher que passa a sonhar o que os filhos sonham. Quem concede, quem dá tudo que tem sem pedir nada em troca.

Mãe não é substantivo e nem adjetivo, mãe é verbo, é ação, é estado. 

Quando penso na palavra mãe, penso na minha mãe e, hoje sendo mãe, vejo como ela abriu mão da sua felicidade para que eu fosse feliz (muito obrigada, mãe!). Como consequência disso, e ao pensar em tudo que ela fez por nós, consigo entender algumas coisas e ao olhar a minha filha, posso dizer pra mim mesma: Um dia, Natália, Gabriela vai crescer!  Vai querer escolher suas roupas sozinhas e também vai achar que vocês não tem direito de entrar e ficar no seu quarto velando seu sono. Ela já não será mais o seu bebê indefeso e dependente! Ela vai querer ir pra escola sozinha, carregando sua própria mochila! Pois será grande demais para que você a leve pela mão! Um dia, cedo ou tarde, vai decidir se fica ou não na mesma cidade que vocês para ir buscar os sonhos dela em algum lugar, mesmo que esse lugar seja muito distante... Vai decidir sua vida por ela mesma e você, Natália, ainda que tenha o coração apertadinho de saudades e de preocupações não a impedirá de buscar seus sonhos onde quer que eles estejam. Vai ter que resistir à tentação de dizer: Fique aqui, meu amor, pertinho da mamãe, ela vai te proteger pra sempre! Mesmo sabendo que o "pra sempre, sempre acaba". E essa resistência e resiliência é que nos faz compreender que ao ser mãe,  o nosso amor é capaz de tudo, de transcender todas as barreiras. Mesmo que ainda que sejamos "egoístas" no nosso íntimo, deixamos ir, damos asas e mostramos que a casa da mamãe estará sempre de portas abertas e sempre que você quiser voltar, volte.

Mãe concede, abre mão de ser feliz para ver a cria feliz. Mãe concede, para de sonhar para si e projeta e entra nos sonhos da cria. Mãe concede, abre mão do seu tempo, para admirar o tempo da cria. Mãe concede, abre mão de si. Toda mãe, depois de sê-lo, deveria adicionar um nome na identidade: Conceção. 

Ass: Natália Conceção Martins Breyner
Uma recém-mamae.
" Um pesquisador que é bom chefe, não esquece a bancada" essa frase a gente diz sempre que um chefe te pede pra fazer um experimento e quer o resultado em duas horas, ele esqueceu como é a bancada, por isso não sabe mais dimensionar o tempo, apenas seus anseios. Uma mãe que é boa mãe, não esquece que é filha. Assim, não projetará na sua cria expectativas demasiadas, pois sabe que filhos erram, que filhos fazem birra, que filhos desobedecem, que filhos crescem... 

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